terça-feira, 21 de junho de 2011

A Questão do Mais ou Menos “certo”.

O homem sob a perspectiva cultural
A origem do ato de se “culturalizar” é remota. Data desde o surgimento da comunicação como ferramenta de sobrevivência e melhoria da adaptabilidade do organismo ao meio em que se insere, repercute sob a visão, direção e formas de organização da sociedade.
Heródoto, século V antes de Cristo, já se preocupava com o tema quando escreveu sobre os Lícios: “Eles têm um costume singular pelo qual diferem de todas as nações do mundo...”, “... tomam nome da mãe e não do pai difere dos costumes de outras partes e de outros povos”.
Seguindo um processo de compreensão das diversidades sociais, Montaigne (1533-1572) escreveu: “na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra.”
Como exemplo da diversidade sugiro os seguintes: a carne de vaca é proibida aos hindus, da mesma forma que a de porco é interditada aos muçulmanos. O nudismo é uma prática normal em certas partes da Europa enquanto em alguns países islâmicos, sob orientação xiita, seria uma assinatura às severas punições apenas pelo fato de mostrar o semblante em público.

O Brasil pode ser considerado um grande mosaico das mais diferentes formas de cultura, reflexo do fator histórico de nossa colonização multifacetada.


Conceito de Culturas

Edward Tylor (1832-1917) confere ao significado de Cultura “um complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”.
Porém historicamente já havia a preocupação com tal definição. John Locke (1632-1704) propõe, ao escrever “Ensaio Acerca do Entendimento Humano”, que a mente humana não é mais do que uma caixa vazia em detrimento do nascimento. Os hábitos eram adquiridos por meio de um processo denominado endoculturação.
Já Marvin Harris (1969) completa o pensamente de Locke: “Nenhuma ordem social é baseada em verdades inatas, uma mudança no ambiente resulta numa mudança no comportamento ”.
Jacques Turgot (1727-1781) sobre o tema, afirma: “...o homem é capaz de assegurar a retenção de suas idéias eruditas, comunicá-las para outros homens e transmiti-las para seus descendentes como uma herança sempre crescente.”
O que diferencia o ser humano dos outros organismos multicelulares, entre outros fatores que não almejo discutir aqui, é a possibilidade de comunicação oral e a capacidade de fabricação de instrumentos capazes de tornar mais eficiente a homeostase em relação ao ambiente biológico.
“As instituições humanas, como grupos definidos, são tão distintamente estratificadas quanto a terra que o homem vive”. Tais diferenças se sucedem em séries uniformes sobre o globo, independente da origem ou linguagem. Tal acontecimento é dirigido por condições do ambiente e do fator histórico, segundo Roque Laraia.
Boas escreve sobre o citado acima, dotando a conseqüência como fato de que cada cultura segue caminhos particulares devido aos tais “fatores históricos” acumulados.
“O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é um herdeiro de um longo processo acumulativo que reflete o conhecimento e a experiência adquirida pelas numerosas gerações que o antecederam”. Afirma Kroeber.
Abaixo segue um apanhado resumido dos estudos de Kroeber que nos auxiliam na compreensão do tema:
a) A cultura é mais que uma herança genética, determina o comportamento do homem e justifica as suas realizações.
b) O homem age de acordo com os seus padrões culturais.
c) A cultura é um meio de adaptação aos diferentes ambiente ecológicos.Molda as ferramentas para suportar a pressão que o meio exerce.
d) O homem é capaz de transpassar as barreiras do ambiente devido a endoculturação.
e) Adquirindo cultura, o homem passou a depender muito mais do aprendizado adquirido do que as ferramentas geneticamente transmitidas.
f) A cultura é um processo cumulativo resultante das experiências anteriores.
A comunicação e a maior variável do processo cultural. A linguagem é um produto da cultura, mas não existiria cultura se o homem não tivesse a possibilidade de desenvolver um sistema articulado de comunicação oral.

Conceitos Modernos sobre Cultura

Após diversas reformulações sobre conceitos de Cultura, os antropólogos modernos sintetizaram aquilo que se acredita, hoje, como sendo uma evidência de grande peso em direção a uma verdade menos refutável. E segue:

a) Culturas são sistemas (de padrões e comportamentos socialmente transmitidos) que servem para adaptar as comunidades humanas aos seus embasamentos biológicos. Tal modo de vida inclui tecnologias e modos de organização econômica, padrões de estabelecimento, de agrupamento social e organização política, crenças e práticas religiosas etc.

b) A mudança cultural é primordialmente um processo de adaptação equivalente à seleção natural.
c) A tecnologia, economia de subsistência e os elementos da organização social diretamente ligada à produção constituem o domínio mais adaptativo da cultura.
d) Os componentes ideológicos dos sistemas culturais podem ter conseqüências adaptativas no controle da população, da subsistência, da manutenção do ecossistema e outros.
Estudar a cultura passa a ser um estudo de símbolos partilhados pelos membros dessa cultura.

A Cultura sob a Visão Subjetiva

Ruth Benedict escreveu em “O Crisântemo e a Espada” que a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. Portadores de culturas diferentes usam lentes diversas e, deste modo, possuem visões diferentes e desencontradas sobre os entes naturais.
A nossa herança cultural, desenvolvida através de inúmeras gerações, sempre nos condicionou a reagir depreciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela maioria de uma dada comunidade.
O fato de que o homem vê o homem sob uma dada perspectiva de sua cultura, tem como conseqüência a propensão em considerar o seu modo de vida mais correto e o mais natural. Essa tendência, etnocentrismo, é responsável em muitos casos extremos pela ocorrência de inúmeros conflitos sociais. O etnocentrismo é universal.
Comportamentos etnocêntricos resultam em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes. Práticas de outros sistemas culturais são catalogadas como absurdas, deprimentes e imorais.

O que se espera, numa sociedade moderna e que prega a “democracia” (tema de nossa próxima publicação), são a compreensão, flexibilidade e respeito às diferentes culturas. Para que haja um Brasil mais democrático para TODOS, é preciso, antes de qualquer coisa, flexibilidade e diálogo, afim de que a política seja feita e represente a “soma” da cultura do povo do nosso Brasil.

=)

sábado, 18 de junho de 2011

Abrindo o "Política Sem Nó"

Olá amigos,
Meu nome é Leandro Tosta. Estou graduando pela Universidade Federal do ABC no curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia.

Este blog foi criado para ser mais do que um passatempo (confesso que gosto de assuntos políticos!). Foi criado para estabelecer um vínculo de contato com pessoas que se interessam pelo assunto.

Buscarei escrever junto às pessoas que tenham algo para nos acrescentar, tais como professores universitários especialistas em alguns assuntos relacionados ciência, sociedade e cultura.

Farei alguns vídeos, também, a fim de dinamizar ainda mais nosso contato.

Ao final de cada texto, abrirei um questionamento, uma reflexão. Aproveitem para questionar-nos por meio dos comentários que poderão ser feitos por vocês.
Espero que gostem. Boa apreciação!